domingo, 30 de janeiro de 2011

Colega

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

cavaleiro do martelo

esboços

sábado, 22 de janeiro de 2011

Hamr – Mapeamento da Alma

Hamr – Mapeamento da Alma
 
 
A compreensão da alma consiste na fabulosa tarefa de autodesvendar você mesmo, para, então, olhar através dos véus ilusórios da realidade (o qual nossa alma, nosso ego, nosso pensamento sempre filtra e cria sua própria perspectiva de mundo). Além do sentido de espiritualidade que envolve a leitura e compreensão da alma, também podemos sintetizar através do estudo e da experimentação da retaliação (do separar de todas as partes da alma) da inexistente individualidade egoísta que comumente acreditamos possuir. Não somos centros de nada, nem somos como que deuses. Somos apenas uma manifestação da natureza, um feito da vontade do mundo em suprir suas próprias necessidades biológicas.
 
A alma nada mais é do que o somatório de atributos etéreos, físicos, dons, habilidades e outras características que às vezes são unicamente nossas e outras vezes são compartilhadas por nós com outros seres, etc.
 
Este mesmo estudo sobre as subdivisões do ser é fruto da reunião de conceitos aferidos por durante séculos pelos povos germânicos de grupos diversos. Se alguns chamavam a alma de Hamr (forma) ou se outro acreditava somente na Fylgja (acompanhante), para nós, pesquisadores religiosos, hoje, é indiferente, pois interessa-nos somente o objetivo e a síntese desse sistema. Através da analogia sistemática dos conceitos espirituais de diversas tribos germânicas podemos partir do pressuposto que existem diversos atributos que formam o que sugestionavelmente acreditamos ser a alma, o espírito, consciência, inteligência ou como melhor aprouver.
 
Assim, interligando seus atributos como uma rede de elementos necessários entre si, tiramos em um resultado que é o que chamaremos (por um motivo de identificação cultural e religiosa) de Hamr, que segundo os germanos significava “forma”, e esses povos usavam o termo para se referir ao seu espírito.
   
A idéia de “nada” era incabível entre os nórdicos. Todo espaço era ocupado e não havia uma divisão entre o mundo dos vivos e o dos mortos, ou com qualquer outro mundo. Todos os mundos eram acessíveis de mútuo convívio. Nada de dimensões astrais ou planetas, etc. Nada disso. Os mortos conviviam no mesmo mundo que os vivos, às vezes iam para outros lugares mais longes como o Hel, Asgard, etc. A morte nunca era tida como uma aniquilação absoluta, mas sim como uma passagem: a consciência, a alma transcendia seu espaço físico e passava a ocupar um lugar de tutora do clã e auxiliar do mesmo. O renascimento poderia existir, bem como poderia não ocorrer dependendo de determinadas condições como vontade e outras imposições espirituais. O nome de um ancestral, quando perpetuado dentro da família, era tido como o renascimento daquele ancestral em um novo corpo, uma forma de chamar sua presença à vida novamente.

Usaremos nesse estudo de várias nomenclaturas e elementos diferentes que aparecem através dos mitos, sagas e outras referências históricas sobre as crenças espirituais dos povos nórdicos.
 
A Hamr pode ser decomposta em oito essências principais (obviamente suas subdivisões são muitas). São elas Athem, Ferth, Fylgja, Lá, Likh, Mágn, Módr e Önd. Descreverei eles abaixo:
 
1 – Athem – O corpo etéreo, nossa manifestação no mundo espiritual; é a forma e aparência fantasmagórica. É o nosso Athem que enviamos através das experiências mágicas, xamânicas, como o Seidr e o Spae; é também o Athem que vemos nas aparições, assim como é ele que se junta à Caçada Selvagem de Odin, depois de nossa morte, nos invernos. Quando morremos, o Athem é separado do corpo e aguarda a chegada da Caçada Selvagem (que o levará junto para as hostes de almas). Quando ele não se separa do nosso corpo, fica preso em Midgard por algum motivo, ele é chamado de Draukkar (que quer dizer “morto-vivo” ou “vampiro”, “zumbi”, etc.), uma vez que irá vagar preso neste mundo por motivos diversos, que podem variar da vingança até o desconhecimento da morte.
   
2 – Ferth – Mente. É um dos presentes dos deuses no ato da criação; significa “mente/razão”. É aquilo que rege as cabeça e tudo aquilo é regido por ela. Refere-se principalmente ao pensamento, à razão e à vontade. É onde ficam armazenados nossos pensamentos, nosso raciocínio, nossas experiências, nosso saber, nossa memória.  O Ferth divide-se em duas partes: Hügr e Münr.
 
2.1 – Hügr – Pensamento. É o intelecto ativo, a vontade, o pensamento. O Hügr é uma das mais fortes expressões da alma, pois ele é o pensamento ativo, nossa mente no volante das ações. Através do Hügr podemos ultrapassar fronteiras físicas ao desconhecido e, por isso mesmo, pelo poder que a compreensão pode gerar, ele nos conecta ao mundo. Todo o mundo está interligado através do Hügr, assim como todos os seres estão conectados através do Fjör. A crença pagã diz ainda que o próprio mundo possuía um espírito próprio, também chamado de Hügr. O Hügr pode ser compreendido se dividido em duas partes: Angit e Sefa.
 
2.1.1 – Angit – São seus sentidos e percepções. Os portais do corpo por onde entra a informação e por onde podemos perceber o mundo. Funcionam como um filtro de informações. Se eles não existissem, ficaríamos loucos com tanta informação que receberíamos e não conseguiríamos associá-las com destreza. A percepção se dá pelo cheiro, gosto, tato, visão e audição. É essa percepção a principal causa de nossa equivocada e individual percepção da realidade. Nunca perceberemos a realidade e a verdade, mas sim apenas uma parcela dela, ou seja, apenas aquilo que podemos conceber através do que  conhecemos e dentro dos limites de nossas simples percepções.
 
2.1.2 – Sefa – É o raciocínio imediato, sagacidade. Depois que o Angit percebe o mundo, o Sefa é responsável por associar os pensamentos uns com outros e assim gerar a informação. É a percepção do mundo já realizado. Se, por exemplo, percebemos através do Angit que ao tomar água ela nos queima a boca, então é o Sefa que lhe diz que ela está quente, porque associa a informação da queimadura com a informação do calor, transformando assim tudo em um pensamento: “a água está quente, devo evitá-la”. O Sefa funcionará desde os níveis físicos mais simples até níveis efêmeros mais complexos, da consciência à incosciência.
 
2.2 – Münr – Memória. Pois se todo pensamento do Hügr precisa ser armazenado, então é no Münr que encontrará sua lotação. O Münr é compreendido melhor quando dividido em duas partes: Gemynd e Vítand.
 
2.2.1 – Gemynd – Memória Individual. É a memória de nossa própria vida, onde ficam guardados nossos próprios pensamentos, nosso passado, nossas lembranças e inclusive aquelas que esquecemos. Nada escapa à mente. É onde ficam armazenados nossos orlogs, e é por isso que o Münr sempre está associado ao Orthanc (que veremos logo adiante o que é). Enquanto o Gemynd é a memória individual de apenas esta existência e nascimento, o Orthanc recolhe as memórias e heranças de existências passadas, bem como o passado dos ancestrais.
 
2.2.2 – Vítand – Sabedoria. Através de nossas próprias experiências, deduzimos muitas coisas sobre a vida que nos ajuda a viver e a melhorar enquanto indivíduos. A reunião de todas as conclusões do Sefa fica armazenada na memória para se tornar Sabedoria.
   
3 – Fylgja – Acompanhante. É a entidade guardiã de nosso clã, da família, de nós mesmos. Podemos tanto herdá-la, como adotá-la. Mas ninguém existe sem a Fylgja. Ela pode ser compreendida como nossos instintos mais selvagens e subconscientes. Em sua fúria e desejo por vida, a Fylgja usará de todos os artifícios para tentar perpetuar o clã e a família, como manda as leis da natureza (pois a Fylgja é a representação de toda a natureza dentro de apenas um ser) e também usará de sua desesperada vontade de viver para se focar em aspectos mundos inatos ao homem, como o desejo constante de sexo, o desconhecimento dos benefícios das virtudes ou a ira entorpecente. É independente de nossa vontade e ao mesmo tempo é o nosso reflexo selvagem. A Fylgja é movida por instintos que beiram a bestialidade (não é a toa que é representada por um aspecto animal ou por um humano em bestialidade). Se não controlada, moderada ou disciplinada, a Fylgja poderá tomar a frente da vontade do indivíduo, acarretando vícios para este e posteriormente a decadência do mesmo. O sexo será um desejo constante, da mesma maneira, uma vez que a Fylgja buscará incessantemente questões de sobrevivência em todos os aspectos da vida, colocando a paixão ardente acima da sanidade do próprio ser. O medo da morte lhe é desconhecido, pois não sabe o que é morrer, mas saberá instintivamente quando a morte se aproxima e irá associar isso com a dor, e por isso, na tentativa de afastar toda dor, ela lutará de todas as formas, inclusive criando ilusões sobre como o indivíduo perceberá a realidade (por beirar a bestialidade, deixar a Fylgja tomar a vontade significa se entregar à ignorância e ao sofrimento posterior). Sua tática de defesa sempre será a ira, a ignorância ou repúdio, que acontecerão através de “explosões”, buscando sempre romper com a harmonia que o homem construiu para sua alma. Esta é uma visão bastante pessimista da Fylgja, mas é o que ela nos representa em sua mais profunda intimidade. Os povos germânicos acreditavam que ela habitava a nossa sombra, e por isso nosso seguia ou nos guiava. Mas, nem de todo a Fylgja é algo ruim, uma vez que ela é responsável por estarmos aqui vivendo e nos ajudará em muitos momentos de dificuldade como uma forma de defesa, ataque ou cura imediata para questões diversas. Desde que controlada, a Fylgja será extremamente útil. Nos auxiliará em questões de magia, assim como também poderá nos ensinar a viver através de pequenas lições. Como um animal que habita nossa alma, devemos domá-la e saber como usar dela para o bem, ao invés de deixar que ela use-nos em prol de suas próprias necessidades naturais. Se deixarmos que isso ocorra, que ela nos tome a alma, então seremos apenas bestas às margens da sociedade ordinária. A Fylgja pode ser tanto representada visualmente como um animal de poder, como uma besta, como um ser humano tocado por bestialidade ou selvageria, ou mesmo poderá ser simbolizada por algum espírito antepassado. Para compreender a Fylgja melhor, podemos também dizer que ela está associada a outras três essências: Hamingja, Dísir e Aettarfylgja.
 
3.1 – Hamingja – Hamr + Fylgja. Forma acompanhante. É a fusão de nossa alma com nossa Fylgja. Usada em trabalhos xamânicos, é útil ao transe, permitindo que ela tome controle de uma parcela de nossa vontade, e assim possamos utilizar de seus atributos mágicos, como a cura, a visão, a viagem, a força, a ira, a rapidez, a lucidez, etc. É esta  a forma que os Berserker ou Ulfedhnar usavam em batalha, mantendo uma parcela de seus espíritos sempre conectada com sua Fylgja. Esta crença de que saímos do corpo e que tomamos outras formas talvez remeta ao contato dos escandinavos com os lapões. Há menções de formas específicas além da Hamingja como o homem transformado em lobo (Hamrammr, Rammaukin, Eigi Einhamr).
 
3.2 – Dísir – Ancestrais Femininas. Dísir é o coro espiritual que assiste ao clã. São as ancestrais mulheres que morreram e agora regem pela sobrevivência e proteção das famílias, tribo, etc. Em geral, nos referimos a esses espíritos como Dísir, ou Idísir (singular Dís ou Idísa), mas elas podem assumir outros aspectos, em outros contextos. É dito que podem ser chamadas também de Walkyrjor (Valquírias) ou ainda de Norn (apesar de muitos defenderem que as Valquírias e as Nornes compunham um grupo diferenciado de divindades). São Walkyrjor quando devem reger assuntos de grande importância como a morte, a vitória na batalha e outros assuntos relacionados a Odin. E são chamadas de as três Norn quando precisam reger aspectos do destino, como os orlogs por exemplo. Mas esta é uma concepção individual de como encarar a existência das Dísir. Pessoalmente, eu encaro as Dísir, as Walkyrjor e as Nornor como corpos espirituais diferentes.
 
3.3 – Aettarfylgja – Familiar. É o espírito tutelar da família, aquele que é transmitido através do sangue, obrigatoriamente. Este não pode ser escolhido, uma vez que ele é herdado pela família, por seus ancestrais. Acompanhará a sucessão familiar e a protegerá contra seu extermínio. A Aettarfylgja é a uma Fylgja mais complexa com uma forma efêmera que pode se dividir em Fylgjas “menores” e individuais para cada pessoa do clã.
 
4 – Lá – Sangue. O Lá é o sangue, o calor humano, o veículo de vida e poder. Na mitologia escandinava é o presente de Lódur a Askr e Embla, o primeiro casal humano. É através do Lá que há a transmissão da vida, de poderes e de todo tipo de herança física e espiritual. Os orlogs são transmitidos através do sangue e são então chamados de Orthanc (herança). Quando o sacrifício é feito, é o Lá quem dá o poder para tornar a divindade forte (os sacrifícios eram feitos para louvar e fortalecer o poder de uma determinada divindade). O mesmo acontece com o talhar das runas com o próprio sangue, pois é ali que é transferido o seu poder para as runas e então elas ganham “vida”. O Lá pode ser decomposto em três partes: Ásdr, Fjör (Wyrd) e Orthanc.
 
4.1 – Ásdr – É o papiro secreto que a Norn Skuld vela, onde está escrito o dia do nascimento e o dia da morte de cada ser. O Ásdr está no sangue porque é lá que acontece toda troca de orlogs entre o ser e seu meio e assim que homens e mulheres podem aumentar ou encurtar seu tempo de vida em Midgard. O Ásdr não controla apenas o tempo que viveremos aqui, mas também pode controlar nossa qualidade de vida, uma vez que as Nornor (distribuindo os orlogs) podem alterar nossa configuração social de vida. É através do Ásdr que todos os orlogs fazem-se acontecer em nossa vida. No ásdr está escrito o dia do nascimento, da morte e a se vida será levada com qualidade ou com decadência.
 
4.2 – Fjör – ou Wyrd. Destino. O destino nunca é visto como algo fatídico, mas sim como algo previsível dadas certas condições passadas. Nosso Fjör segue uma direção já formulada por nossos ancestrais e também por nosso próprio passado. Nossas heranças como dons, talentos, bênçãos, maldições, qualidades, defeitos, e também nossas atitudes como desonras e glórias determinam como será o Fjör. Esse mesmo Fjör está em constante processo de adaptação à nossas possibilidades uma vez que ele é o gerador dos orlogs. Um orlog é uma conseqüência, uma reação natural do mundo contra qualquer ação. Toda ação possui uma reação, e essa reação é chamada de Orlog (é aquilo que o mundo nos devolve). A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Os orlogs podem ser bons ou ruins e estamos constantemente recebendo-s o tempo todo. O Fjör é descrito nos mitos como um fio escarlate que a qualquer momento poderá ser rompido bastante que Skuld diga o dia da morte do homem. O destino é inexorável e não importa o caminho que tomamos, o que nos foi legado é nosso por direito, sem fuga.
 
4.3 – Orthanc – ou Ódal. Herança. Todos os orlogs e atributos de nossos antepassados, ancestrais e progenitores são passados ao nosso ser, pois não somos nós mesmos, somos apenas frutos da vontade alheia; somos a continuação dos antigos. Não escolhemos quem seremos, isto nos é imposto. Não escolhemos nascer humano, não escolhemos nosso nome, nem escolhemos nossa configuração biológica. Tampouco escolhemos nossa própria sorte de vida que iremos levar. Tudo é herdado. Se o ser humano existe é porque houve em algum momento uma vontade transcendental que desse tal impulso. E se possuímos nomes como Helga ou Erik é simplesmente porque nossos pais assim o desejaram. Igualmente, se somos saudáveis, ou doentes, se somos inteligentes ou tolos, se feios ou belos, se ricos ou pobres, é tudo uma questão de herança e destino (isso quer dizer independe de nossa vontade). Essa verdade sobre a realidade, de que recebemos uma complexa herança ao nascer é chamada de Orthanc. As glórias e maldições de nossos ancestrais também serão as  nossas. Por isso a união familiar e o sentimento de fraternidade em um clã é tão importante para todos. Para ser compreendido em detalhes, o Orthanc precisa ser decomposto em seis partes: Orlog, Forlog, Mjovutdr, Auna, Gaefa e Afl Okkat.
 
4.3.1 – Orlog – Sob a Lei. Lei fixada nas origens. Esta lei é herdada por todos os seres e ela diz que toda ação terá uma reação. Toda destino retorna a sua origem. Esta é a lei básica dos mundos, a que nada escapa. Cada ação passada é responsável é originária de um orlog, uma conseqüência arbitrária e ordinária.
 
4.3.2 – Forlog – Lei fixada no avanço. Na tentativa de alterar nosso Ásdr, de melhorar nosso Fjör, podemos lutar contra o orlog e alterar nosso destino. O Forlog então é a força que geramos para mover nosso destino em outra direção diferente daquela que nos é herdada. Algumas ações excepcionais podem gerar Forlogs.
 
4.3.3 – Mjovutdr – Destino que está fixado desde as origens. O Mjovutdr é fardo da família. Aquilo que, desde a sua origem, as pessoas estão fadadas a carregar consigo por todas as gerações, aquilo que é imutável, como fato de sermos humanos, ou o fato de termos determinadas doenças, ou de que por toda uma geração muitos nasceram gênios, etc. É difícil decifrar o Mjovutdr, pois somente um ancião que conheça bem o Orthanc da família poderia enunciar o que faz parte ou não do Mjovutdr. O Mjovutdr pode ser composto por alguns Gaefas (ver a frente).
 
4.3.4 – Auna – Destino como concessão feita pelos Deuses. A vontade dos deuses é suprema e assim como transformaram árvores em seres humanos, também podem nos aniquilar. É dito que os deuses também são regidos pelas mesmas leis de destino que somos, mas são interminavelmente mais poderosos que a nossa vontade. Apesar dos deuses não interferirem na vontade dos homens, alguns deles podem ceder ao capricho e alterar a natureza das coisas. Ou ainda podem fomentar um destino completamente diferente daquele que o Fjör pretende formar, independente de como é o Orthanc. Mesmo que não faça parte do Orthanc de uma pessoa ela ter nascido como o dom para a arte, ali houve uma vontade extraordinária que alterou a predisposição das coisas, concedendo assim um Auna.
 
4.3.5 – Gaefa – Presente. O Gaefa é ligado ao ser durante o nascimento, pois é ali que as Dísir, ou Norn, presenteiam o novo ser com seus talentos, dons e atributos. Um Gaefa é sempre especial e todo ser possui pelo menos um. O Gaefa não poderá ser diferente daquele de sua família, mesmo que destacado, a não ser que haja um Auna contra isso. Pode ser considerado um Gaefa a beleza, a saúde, a força, a inteligência, o talento para a arte, a perícia com as mãos, etc (também há Gaefa de cunho mágico). O Gaefa se confunde com o Mjovutdr por serem ambos heranças ancestrais. Para desmistificar isso podemos dizer que os Gaefas são partes menores do Mjovutdr, se este último pudesse ser decomposto.
 
4.3.6 – Afl Okkat – Nossa força. É o somatório das glórias conquistadas por uma família, tribo ou clã que juntos se transformam em força efêmera e propiciam a sorte, a prosperidade e a vitória em muitas questões da vida, inclusive garantindo a imortalidade da alma entre os heróis. Esse dote faz parte do Orthanc porque é uma herança dos ancestrais a todas suas gerações. Todo membro de um clã sempre contribui para fortalecer ou enfraquecer o Aett Afl Okkat (A força do clã).
 
5 – Likh – Corpo. Obviamente é o corpo que faz parte da Hamr e não o contrário, uma vez que somos a forma pensada pela vontade dos deuses. O Likh é a configuração física, corporal que assumimos para que a Hamr possa habitar. A saúde do Likh é de suma importância para o bem estar da Hamr. Está unido à Hamr através do Mágn.
 
6 – Mágn – ou Meginn. Força, Poder. Está relacionado à saúde, e a força física. É o Mágn que mantém a alma presa ao Likh e a mantém ali longe do perecimento. Se ele pudesse ser visto seria brilhante e ardente como o fogo, semelhante à “aura” que os orientais pregam.
 
7 – Módr – ou Máttr. Bravura, Coragem. O Módr é uma emoção adormecida que em certas horas de descontrole, ira, ódio, loucura ou paixão desperta elevando o ser acima de sua própria capacidade. Poderíamos dizer que o Módr eleva o nível de adrenalina no corpo de tal maneira que superaríamos nossa própria capacidade de força. Por isso tal bravura, pode ser literalmente traduzida como “ira”. Nas Eddas dize-se que quando Thor lutou contra a serpente de Midgard, ele invocou o seu Jöttunmódr (Ira de Gigante ou Bravura de Gigante) para poder elevar a gigantesca serpente acima de si, conjurando para si sua herança jottun por parte de mãe.
     
8 – Önd/Od – Respiração/Inspiração Divina. Em uma das Eddas, Önd é um dos presentes dos deuses, o que foi ofertado por Odin ao primeiro casal de humanos. Através da respiração concebemos a vida e sem ela não vivemos. Através da respiração nos comunicamos também como o mundo exterior, uma vez que inalamos coisas para dentro de si. Pode ser dito que o önd é o sopro divino, a última parte da alma e o elemento necessário para que haja vida. É o önd que nos diferencia dos seres mortos, dos fantasmas, etc. Quando o önd se desfaz, nós morremos. Por ser a respiração o ato de atrair para dentro de nós a força dos deuses é dita ainda que é a inspiração divina (Od). Em outra Edda ela é chamada de Od, uma força soprada por Odin aos homens, que lhes dá atributos extraordinários para o hedonismo e o prazer, como a poesia, a música, a paixão, a ira, a risada, etc. O Önd/Od é a parte mais complexa de se compreender por ser um atributo ao mesmo tempo efêmero (inspiração divina) e físico (respiração). Diz-se que o Od permeia todas as coisas e podemos respirá-los quando bem quisermos desde que tenhamos consciência disso.
 

  
Juntamente com nossa Hamr também anda, lado a lado, o Frith que é a paz, mas não a paz no sentido da guerra, mas sim a paz no sentido da ordem, da felicidade, da tranqüilidade, do bem-estar do kindred. Talvez este seja nosso objetivo consciente em vida, atingir o Frith. A meu ver não há outro sentido senão buscarmos o Frith e estarmos satisfeitos com nosso Ásdr. Frith e Ásdr são como irmãos.
  
Existem três fontes que geram friths, e são elas: Kenship (parentesco), Healldream (“alegrias do salão”, que são os atos de lealdade, entre duas partes) e Frithyards (que é o relacionamento do humano com suas divindades). O relacionamento social entre os seres humanos é a principal fonte de Frith, mas não a única. A individualidade e a solidão também sabem mostrar o Frith através da temperança e da disciplina.
 
O Kenship, é a principal fonte de Frith, nossa família, nosso clã, nosso irmãos, pais, avós, primos, esposas e maridos, o Sippa em si, são as coisas mais importantes em vida para nós e por isso precisamos estar em paz com eles, protegê-los, guiá-los no Ritta (Lei Cósmica) e assim alcançar a felicidade e a paz. Sippa é a principal fonte de Frith, que é a família. Ritta é a lei cósmica do universo que fala como devemos perceber a realidade como apenas um ponto de vista e sobre nossa condição humana de lutar contra o sofrimento.
 
O Healldream se refere aos atos de lealdade entre um líder e seu povo, entre um mentor e um aprendiz, entre um senhor e seu servo, entre um vassalo e um suserano, entre um Jarl e um Karl, entre um amante e sua parceira(o). A lealdade garante a amizade, a confiança, a honra, a bravura e por isso faz aumentar nosso Ásdr, e logo gera Frith.
 
E finalmente o Frithyards que se refere ao relacionamento que uma pessoa têm com os seres divinos e vice-versa. Crer e cultuar uma divindade traz paz, segurança e respostas para perguntas universalmente questionáveis, e as divindades se agradam disso provendo fartura, fertilidade e paz, o que também é fonte de Frith.
  

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Hávamál – As Máximas do Altíssimo

Hávamál em Mitologia

Hávamál – As Máximas do Altíssimo

Hávamál (Palavras do Altíssimo) é o segundo poema da Edda Poética. Este tesouro foi preservado apenas no Codex Regius e acredita-se que sua composição original seja datada do início do século 10 d.c. e derivado da antiga tradição oral. O poema é mencionado por Eyvindr Skáldaspillir em sua obra Hákonarmál (de cerca de 960 d.c.). Snorri Sturlusson cita uma estrofe do Hávamál na sua Edda em Prosa. Além de conselhos sábios, o poema narra a magia das runas e o sacrifício de Óðinn na árvore Yggdrasill.
 
 
Hávamál
 
001. “Em todos
os portões antes de ir adiante,
você deve olhar bem,
deve sondar.
É difícil saber
qual o inimigo
que se senta dentro da sala*.”
 
002. “Doadores,Salve!
O convidado chegou,
onde ele deve se sentar?
Ele está muito apressado,
aquele que no fogo
testará sua sorte.”
 
003. “É necessário fogo
para aquele que chegou
e seus pés estão gelados;
de comida e roupas,
o homem necessita,
aquele que viajou das montanhas.”
 
004. “É necessário água
para aquele que chegou para se alimentar,
de toalha e de um convite,
de boa disposição,
se ele puder conseguir,
com conversa e silêncio em retribuição.”
 
005. “É necessário de inteligência
para aquele que viaja muito,
tudo é fácil em casa;
de escárnio serve
aquele que nada sabe
e se senta com homens sábios.”
 
006. “De seus pensamentos
um homem não deve se orgulhar,
mas de bastante cautela;
quando alguém sábio e silencioso
chega para as premissas,
raros infortúnios acontecem aos cautelosos;
desde que um homem nunca obtenha,
um melhor amigo,
do que um pouco de bom senso.”
 
007. “O convidado cauteloso,
aquele que chega para se alimentar,
mantém silêncio com os ouvidos afinados;
ele ouve com seus ouvidos,
e olha com seus olhos;
assim todo homem sábio se informa.”
 
008. “É afortunado,
aquele que adquire para si
elogio e consideração;
é mais difícil obter isso,
do que um homem ter
o coração de outro.”
 
009. “É afortunado,
aquele que tem para si
renome e inteligência,enquanto ele viver;
desde que maus conselhos
um homem freqüentemente recebe
do coração de outro.”
 
010. “Um fardo melhor
nenhum homem carrega em sua jornada
mais do que ter um pouco de bom senso;
é melhor que riquezas
encontradas em uma terra estranha,
tal é os recursos de um homem pobre.”
 
011. “Um fardo melhor
nenhum homem carrega em sua jornada
mais do que ter um pouco de bom senso;
ele não carrega
piores provisões na planície,
mais do que estar cheio de bebida.”
 
012. “A bebida dos filhos dos homens
não é boa,
como eles dizem;
desde de que em sua própria mente
um homem sabe menos,
quanto mais ele bebe.”
 
013. “Isso é chamado de garça do esquecimento,
que paira acima das festas de bebidas,
roubando a mente de um homem;
com as penas desse pássaro
eu fui acorrentado
no jardim de Gunnlöð*.”
 
014. “Bêbado eu estava,
estava bêbado demais
com o sábio Fjalarr*;
por causa da melhor bebida,
que cada homem
recobre sua mente.”
 
015. “De poucas palavras e prudente,
e corajosos na guerra
as crianças do rei devem ser;
feliz e alegre
cada um deve ser
até a hora de sua morte.”
 
016. “O homem tolo
pensa que viverá para sempre,
se evitar a batalha;
mas a velhice não
dará a ele nenhuma paz,
embora ele seja poupado das lanças.”
 
017. “O tolo boceja
quando entre o povo ele chega,
ele murmura e aborrece;
mas tudo de uma vez,
se ele conseguir um bebida,
então a mente do homem é exibida.”
 
018. “Apenas ele sabe,
aquele que viajou amplamente,
e tem viajado muito,
cada mente
governa cada homem,
que quem tem inteligência que sabe.”
 
019. “Não deixe o homem se manter sobre o copo,
todavia beba moderadamente o hidromel,
fale o necessário ou fique quieto;
de maus hábitos
nenhum homem te acusará
se você for ir dormir cedo.”
 
020. “O homem ganancioso,
a menos que ele conheça sua mente,
come para sua tristeza;
freqüentemente traz o riso
quando chega entre os sábios,
a barriga do homem tolo.”
 
021. “Os rebanhos sabem
quando eles deveriam estar em casa
e então eles vão do pasto;
mas o homem tolo
nunca sabe
a medida de seu estomago.”
 
022. “O homem miserável
e de mal temperamento
ri de qualquer coisa;
ele não sabe que
o que ele deveria saber,
que ele não é livre de faltas.”
 
023. “O homem tolo
fica acordado todas as noites
e preocupa-se com tudo;
então ele fica cansado,
quando chega a manhã,
toda sua preocupação está como estava.”
 
024. “O homem tolo
pensa que todos aqueles que riram com ele
são seus amigos;
ele não notifica,
apesar de que eles falam mal dele
quando ele se senta com sábios.”
 
025. “O homem tolo
pensa que todos aqueles que riram com ele
são seus amigos*;
então ele descobre isso,
quando ele chega para a assembléia,
que ele tem poucos advogados.”
 
026. “O homem tolo
pensa que sabe tudo,
se ele está numa cabana;
mas ele não sabe,
o que deve dizer
se ele for testado pelos homens.”
 
027. “O homem tolo
que se encontra entre o povo
é melhor ficar quieto;
ninguém sabe que
ele não sabe nada
a menos que ele fale demais,
o homem não sabe
que nada sabe,
quando fala demais.”
 
028. “Sábio parece,
quem pode perguntar
e conversar também;
nada pode se esconder
dos filhos dos homens,
do que é dito sobre os homens.”
 
029. “Em abundancia fala,
aquele nunca fica quieto,
com palavras absurdas;
a veloz língua,
a menos que tenha controle,
freqüentemente canta o que não é bom.”
 
030. “Não ridicularize
outro homem,
quando vier entre os parentes;
então muito sábio parece
se ele não é questionado,
e deixe ele permanecer ileso.”
 
031. “Sábio parece,
aquele que foge,
do convidado que zomba de convidado;
ele certamente não sabe ao certo
quem que zomba dele no banquete,
se ele fala com inimigos.”
 
032. “Muitos homens
são gentis uns com os outros
mas no banquete
as pessoas se difamam;
isso sempre acontece:
convidado brinca com convidado.”
 
033. “Se alimentar cedo
freqüentemente um homem deve fazer,
a menos que ele venha a visitar os parentes;
ele se senta e examina ávido,
se comporta como faminto
e participa pouco da conversa.”
 
034. “Longo é o caminho
para um mal amigo,
embora ele habita na estrada;
mas para um bom amigo
a estrada é direta,
embora ele esteja longe.”
 
035. “É necessário ir,
não deve o convidado ficar
sempre em um lugar;
o querido se torna odioso,
se por muito tempo ficar
na casa de outro.”
 
036. “A casa própria é melhor,
embora seja pequena,
no lar cada um é seu próprio senhor;
embora se possuir duas cabras
e um salão de teto de palha*
é melhor que pedir por caridade.”
 
037. “A casa própria é melhor,
embora seja pequena,
no lar cada um é seu próprio senhor*;
sangra o coração
daquele que é forçado a pedir
para se alimentar a cada refeição.”
 
038. “Da própria arma
não deve o homem no campo aberto
deixar a menos de um passo;
porque não se pode saber
quando na estrada
o homem necessitará da lança.”
 
039. “Eu nunca encontrei um homem tão liberal
ou tão generoso com alimento
que não aceitasse um presente;
ou de sua riqueza
tão liberal,
para desprezar uma recompensa,se receber-la.”
 
040. “Com sua riqueza,
que ganhou acumulando,
não deve o homem sofrer necessidade;
freqüentemente é reservado para o odioso
aquilo foi preparado para o amigo,
isso vai muito pior que o previsto.”
 
041. “Com armas e vestimentas
devem os amigos se alegrarem,
aqueles que parecem para si mesmos;
doadores e retribuidores
são por muito tempo amigos,
se as coisas forem bem.”
 
042. “Para um amigo
o homem deve ser amigo
e pagar presente com presente;
risada com risada
o homem deve retribuir,
mas falsidade com falsidade.”

043. “Para um amigo
o homem deve ser amigo
para ele e seu amigo;
mas amigo de um amigo
de um inimigo um homem não deve
ser amigo.”
 
044. “Saiba,se você tem um amigo,
em quem você bem confia,
e você quer algo de bom dele;
deve compartilhar sua mente com a dele,
e trocar presentes,
e freqüentemente ir encontrar-lo.”
 
045. “Se você tem outro,
em que você mal confia,
e você quer algo de bom dele;
fale gentilmente com ele,
com pensamentos falsos
e pague falsidade com falsidade.”
 
046. “Há mais sobre este,
de quem você mal confia
e você suspeita de sua afeição;
você deve rir com ele
e falar o contrário de seus pensamentos,
você terá que retribuir os presentes recebidos.”
 
047. “Eu fui jovem anteriormente,
eu viajei totalmente sozinho,
então eu entrei errado em meus caminhos;
rico eu parecia,
quando eu encontrei outro,
homem é deleite de homem.”
 
048. “Os generosos e valentes
homens vivem melhor,
e raramente alimenta tristeza;
mas o homem tolo
teme tudo,
o avarento é sempre ansioso por presentes.”
 
049. “Minhas vestes,
no campo,eu doei,
para dois homens de madeira;
guerreiros eles pareciam
quando tiveram as roupas
vergonhoso é a nudez do guerreiro.”
 
050. “O jovem abeto decai,
que se ergue no campo,
não abriga nem casca nem folha;
assim é o homem,
que não tem nenhum suporte:
por que ele deveria viver por muito tempo?”
 
051. “Mais ardente que o fogo
queima entre os falsos amigos
a amizade por cinco dias;
mas então se extingue
quando o sexto chega
e toda amizade fica pior.”
 
052. “Nada grandioso
o homem deve doar,
freqüentemente com pouco se consegue um pouco de louvor;
com metade de um pão
e com um copo inclinado*
eu encontro um companheiro.”
 
053. “Um pouco de areia,
um pouco de mar,
pequena são as mentes dos homens;
porque todos os homens
não são igualmente sábios,
apenas a metade de todos os homens o são.”
 
054. “Meio sábio
todo homem deve ser,
nunca muito sábio;
desses homens são
os que vivem bem melhor
aqueles que não sabem muito.”
 
055. “Meio sábio
todo homem deve ser,
nunca muito sábio*;
porque o coração do homem sábio
raramente é feliz,
se ele possuir muita sabedoria.”
 
056. “Meio sábio
todo homem deve ser,
nunca muito sábio*;
seu próprio destino
ninguém deve saber antecipadamente,
porque a mente fica livre de tristeza.”
 
057. “Tocha da tocha,
queima até se consumir,
fogo é acendido de fogo;
homem de homem
torna-se conhecido por sua fala,
mas o tolo por seu orgulho.”
 
058. “Cedo se levanta
aquele que de outro deseja
ter a riqueza ou a vida;
raramente um lobo lento
consegue uma coxa*,
ou o homem dormente vencer.”
 
059. “Cedo se levanta
aquele que tem pouco serventes,
e vai ele mesmo vigiar o trabalho;
muito perde
aquele que dorme até de manhã,
metade da riqueza depende do impulso.”
 
060. “De madeira seca
e de telhado de madeira de bétula
isso pode o homem medir;
e quanto dessa madeira
terá que durar
no tempo das estações do ano.”
 
061. “Lavado e alimentado
o homem cavalga para a assembléia,
ainda se não estiver bem vestido;
de seus sapatos e roupas
nenhum homem deve se envergonhar
nem ainda do cavalo
ainda se não for tão bom.”
 
062. “Fareja e inclina*,
aquela que vem do mar,
a águia sobre o velho oceano;
assim é um homem
que chega entre muitos,
e tem poucos porta-vozes.”
 
063. “Perguntar e falar
todo sábio deve,
se quiser ser chamado de sábio;
apenas um deve saber,
nenhum outro deve,
o povo saberá se houver três.”
 
064. “Seu poder
o prudente deve
usar com moderação para com todos;
então ele encontra isso
quando ele chega entre os bravos,
que ninguém é o mais vigoroso de todos.”
 
065. “[Um homem deve ser atento
e precavido também,
e com julgamento confiar no amigo*;]
das palavras
que um homem diz para outro
ele freqüentemente recebe compensação.”
 
066. “Muito cedo
eu venho em muitos lugares,
mas tão tarde em alguns;
a cerveja foi bebida,
as vezes nem ainda fermentada,
raramente se encontra repugnância entre o povo.”
 
067. “Aqui e lá,
nas casas eu seria convidado,
se eu não precisasse me alimentar,
ou pendurado dois presuntos
para o amigo leal,
onde eu tinha comido um.”
 
068. “Fogo é bom
para os filhos dos homens
e a vista da Sól*;
sua saúde
se o homem puder ter,
e uma vida sem vício.”
 
069. “Nenhum homem é de todo miserável
embora a saúde dele seja má;
alguns deles são afortunados com filhos,
alguns com amigos,
alguns com abundante riqueza,
alguns com boas proezas.”
 
070. “Melhor é para o vivente
e que vive feliz*,
sempre conseguir uma vaca;
eu vi o fogo queimar
perante o homem rico,
e lá fora estava morto perante as portas.”
 
071. “O homem manco cavalga um cavalo,
o maneta conduz o rebanho,
o surdo combate e é útil;
ser cego é melhor
que ser cremado*:
ninguém se beneficia de um corpo.”
 
072. “Um filho é melhor,
embora ele nasceu tarde,
depois que o pai se foi;
raramente a lápide
fica próximo a estrada,
a menos que seja erguida de um parente para outro parente.”
 
073. “Dois são mais terríveis que um,
a língua é assassina da cabeça;
abaixo de cada manto
eu aguardo uma mão*.”
  
074. “De noite está feliz
quem confia nas providências,
pequenas são as cabinas dos navios;
instável elas são nas noites de outono;
o tempo muda
em cinco dias
e ainda mais em um mês*.”
 
075. “Ele não sabe
que nada sabe,
muitos se tornam tolos por causa do ouro;
um homem é rico,
o outro é pobre,
ele não deve culpa-lo pelo infortúnio.”
 
076. “O gado morre,
os parentes morrem,
você mesmo morrerá;
mas a boa fama
não morre nunca
de todo aquele que a conseguiu.”
 
077. “O gado morre,
os parentes morrem,
você mesmo morrerá;
uma coisa eu sei
que nunca morre:
a fama de cada morto.”
 
078. “Os armazéns cheios
dos filhos de Fitjungr* eu vi,
agora eles usam cajados de mendigos;
é a riqueza
um piscar de olho,
o mais inconstante dos amigos.”
 
079. “O homem tolo,
se conseguir possuir
a riqueza ou o amor de uma mulher,
aumenta seu orgulho,
mas nunca o bom senso:
ele avança apenas em orgulho.”
 
080. “Então isto é provado,
quando você for consultar as runas,
que são conhecidas pelos Regin*,
aquelas criadas pelos Ginnregin*
e pintadas pelo Fimbulþulr*;
então ele tem melhor,se ele ficar calado.”
 
081. “No anoitecer deve se louvar o dia,
a esposa,quando ela é cremada,
a espada,quando é provada,
a donzela,quando é recém-casada,
o gelo,quando é atravessado,
a cerveja,quando é bebida.”
 
082. “A madeira deve ser cortada ao vento,
remar ao mar no bom tempo,
no escuro com uma jovem falar,
muitos são os olhos do dia;
um navio serve para viagens,
um escudo para proteger,
uma espada para golpear,
mas uma donzela para beijar.”
 
083. “Se deve beber cerveja perto do fogo,
sobre o gelo patinar,
comprar um cavalo magro,
e uma espada suja*,
alimentar o cavalo no lar,
e o cão na fazenda.”
 
084. “Nas palavras de uma donzela
não deve nenhum homem acreditar,
nem o que a mulher diz,
porque na roda que gira,
nos corações delas foram formados,
a inconstância em seus peitos.”

085. “Um arco frágil,
um fogo ardente,
um lobo uivando,
um corvo berrando,
um porco que grunhe,
uma árvore sem raízes,
das ondas que se levantam,
o caldeirão que cozinha,”
 
086. “A lança que voa,
a onda que cai,
o gelo de uma noite,
a cobra que se retorce,
do discurso da mulher na cama,
e a espada quebrada,
a disputa dos ursos,
e o filho de um rei,”
 
087. “Um bezerro doente,
o escravo engenhoso,
das confidências de uma Völva*,
de um recente assassinato*.”
 
088. “Em um campo semeado logo
nenhum homem confia,
nem tão prematuramente em um filho,
o tempo governa o campo
e a sabedoria de seu filho;
cada um deles é um risco.”
 
089. “O assassino de seu irmão,
embora o encontre na estrada,
em uma casa semi-queimada,
em um cavalo veloz,
nessa hora o cavalo é inútil,
se ele quebrar a pata,
nenhum homem é tão confiante,
para confiar em tudo isso.”
 
090. “Assim que é o amor de uma esposa,
que é falso de pensamento:
é como conduzir um cavalo forte
sobre o gelo escorregadio,
selvagem,de dois anos
e estando mal treinado;
e no vento enfurecido
em um barco sem leme,
ou um homem manco que tenta capturar
uma rena numa montanha escorregadia.”
 
091. “Eu agora falo abertamente,
porque eu conheço ambos,
traiçoeiro é para as mulheres o coração dos homens;
quando nós mais falamos doce,
mas nós falsamente pensamos:
que iludi as mentes sábias.”
 
092. “Docemente deve falar
e doar riquezas
aquele que deseja ganhar o amor de uma mulher,
louvar a aparência
da radiante garota:
ele que corteja vencerá.”
 
093. “Repreender o amor
um homem não deve
nunca a outro;
freqüentemente captura o sábio,
enquanto que o tolo não captura,
a radiosa aparência.”
 
094. “Repreender não
deve um homem a outro,
do que acontece a muitos homens;
tolo do sábio
faz os filhos dos homens,
esse é o poder do desejo.”
 
095. “Apenas a mente conhece
o que reside perto do coração,
quando ele está só com seus sentimentos;
não há doença pior
para o homem sábio
do que ele mesmo não ser feliz.”
 
096. “Isso eu então experimentei
quando eu me sentava entre os caniços,
e esperava por meu desejo;
carne e coração
era para mim aquela sábia donzela,
mas eu ainda não consegui possuir-la.”
 
097. “A filha de Billingr*
eu encontrei na cama,
branca como a Sól,dormindo;
os privilégios de um nobre
não era nada para mim,
a menos que com essa semelhante beleza eu pudesse viver.”
 
098. “Perto do anoitecer
você deve,Óðinn,chegar,
se você deseja falar com a donzela;
tudo será fatal
a menos que apenas nós dois saibamos
de similar vício juntos.”
 
099. “Eu retornei de volta
e parecia feliz
guiado pelo desejo;
eu cheguei a pensar
que eu teria
todo o amor dela e afeição.”
 
100. “Então eu cheguei
na noite seguinte
todos os guerreiros estavam acordados,
com luzes acesas
e carregando tochas,
assim eu fui verificar o caminho da desgraça.”
 
101. “Na próxima manhã,
quando eu estava chegando,
dessa vez o povo estava dormindo;
dessa vez eu encontrei apenas a cadela cinzenta
da boa mulher
amarrado na cama.”
 
102. “Muito tem, a boa donzela,
se você procurar mais intimamente,
inconstância com os homens.
Então isso eu provei,
com a sagaz,
na falsidade eu seduzi a mulher;
toda vergonha
me expôs a sábia donzela,
e eu nada consegui dela.”
 
103. “No lar o homem feliz
e sorridente com a hospede
deve inteligente ser,
de boa memória e eloqüente,
se ele deseja ser muito sábio.
Freqüentemente deve falar bem;
Fimbulfambi* se chama
aquele que pouco pode dizer,
naturalmente esse é um tolo.”
 
104. “Um antigo jötunn* eu visitei,
só agora eu retornei:
pouco eu consegui ali com a silêncio;
com muitas palavras
eu falei em meu favor
no salão de Suttungr*.”
 
105. “Gunnlöð me deu
em sua cadeira de ouro
para beber o precioso hidromel;
um mal pagamento
eu dei a ela em troca
por seu coração generoso,
por sua forte afeição.”
 
106. “O girar de Rati*
eu deixei fazer espaço
e perfurava as pedras,
acima e abaixo
estava a estrada dos Jötnar*,
assim eu arrisquei minha cabeça.”
 
107. “Da bela formosa
eu tive bom uso,
pouco estava faltava para o sábio,
porque Óðrerir*
tinha sido agora levado
para a habitação dos homens,na terra.”
 
108. “Para mim era duvidoso
se eu chegaria seguro
da terra dos Jötnar,
se eu não tivesse a ajuda de Gunnlöð,
a boa senhora,
quem tive estendida em meus braços.”
 
109. “No dia depois
vieram os hrímþursar*
pedir conselho para Hávi*
no salão de Hávi.
De Bölverkr* eles perguntaram,
se ele tinha chegado a abrigava-se com os Bönd*
ou se Suttungr tinha sacrificado ele.”
 
110. “Sobre o anel de juramento,Óðinn,
eu creio,tinha jurado;
mas quem poderia acreditar nele?
Suttungr foi enganado,
seu sumbel* ele tomou
e deixou Gunnlöð triste.”
 
111. “É tempo de falar
da cadeira do sábio
próximo a fonte de Urðr,
eu vejo e mantenho silêncio,
eu vejo e penso,
eu escuto os discursos dos homens;
de runas eu ouço e julgo,
nem os conselhos são silenciosos
no salão de Hávi,
dentro do salão de Hávi,
eu ouço assim dizer.”
 
112. “Aconselho você, Loddfáfnir*,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
não se levante de noite
a menos que você esteja em guarda
ou esteja buscando um lugar do lado de fora para você.”
 
113. “Aconselho você, Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
com uma mulher feiticeira
você não deve dormir abraçado,
desse modo que ela prende você nos membros dela.”
 
114. “Ela assim fará
para que você não cuide
da assembléia nem dos negócios do rei;
você não mais desejará comer,
nem dos prazeres humanos,
e você irá dormir cheio de tristeza.”
 
115. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
a mulher de outro
você nunca deve seduzir
para ser sua esposa.”
 
116. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
na montanha ou no fjörð,
se você viajar por muito tempo,
reserve abundantes provisões.”
 
117. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
um homem malvado
nunca deixe
conhecer seus problemas
porque de um homem malvado
você nunca adquirirá
um retorno por sua boa vontade.”
 
118. “Uma mordida muito afiada
eu vejo num homem
na fala de uma mulher malvada;
uma língua falsa
se tornando a morte dele,
e ainda a acusação não era verdadeira.”
 
119. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
saiba,se você possui um amigo
em que você bem confia,
vá visitar-lo freqüentemente,
porque o arbusto cresce
e a grama aumenta
no caminho que ninguém passa.”
 
120. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
um bom homem
você deve atrair para perto com conversa alegre
e aprender encantos de cura,enquanto você viver.”
 
121. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
com teu amigo
não seja nunca
o primeiro a romper o vínculo;
a tristeza come o coração,
se você não conseguir falar
para alguém tudo o que pensa.”
 
122. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
dividir palavras
você nunca deve
com os tolos insensatos.”
 
123. “Porque de homens malvados
você nunca conseguirá
boa recompensa,
mas o bom homem
pode fazer você ser
querido por seu louvor.”
 
124. “Então há uma mistura de afeição*
quando alguém diz
a outro todo seu pensamento;
tudo é melhor
do que estar com o falso;
não é amigo de outro
aquele que só fala como alguém deseja.”
 
125. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
por três palavras não discuta
com um homem pior que você
freqüentemente o melhor é derrotado
quando o pior ataca.”
 
126. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
você não deve ser sapateiro
nem armeiro,
a menos que seja para você mesmo,
se o sapato é mal feito
ou a lança é torta,
então mal caíra sobre você.”
 
127. “Aconselho você, Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
seja onde for que você receba ofensa,
declare que é uma ofensa
e não de paz para seu inimigo.”
 
128. “Aconselho você, Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
alegria do mal
você nunca deve ter,
mas permita ser alegrado pelo bem.”
 
129. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
olhar para cima
não se deve na batalha,
estando louco de pânico
os filhos dos homens se transformam
temendo que os homens te encantem.”
 
130. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
se você deseja uma boa mulher
fale com alegria
e a tome com prazer,
faça belas promessas
e imediatamente a mantenha;
ninguém se cansa do bem,caso o receba.”
 
131. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
eu peço que você seja prudente
e não prudente demais;
seja muito prudente com a cerveja
e com a mulher de outro
e com uma terceira coisa,
que os ladrões não o engane.”
 
132. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
com gozação e risada
nunca receba
um hospede nem um viajante.”
 
133. “Freqüentemente não se sabe bem
que aqueles que se sentam lá dentro da casa
de que família eles são,aqueles que chegam;
um homem não é tão bom
que não tenha defeitos,
nem tão mal,que não sirva para nada*.”
 
134. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
de um profeta de cabelos grisalhos
você nunca deve rir,
o que os velhos dizem freqüentemente é bom;
de um velho enrugado freqüentemente
vem palavras sábias,
daquele que tem a pele pendurada,
e oscila entre as peles secas,
e se movimenta entre os escravos*.”
 
135. “Aconselho você,Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
o convidado você não deve insultar
nem na porta afugenta-lo,
você deve tratar bem o necessitado.”
 
136. “Forte é a viga*
que deve balançar
aberta para todos.
Doe um anel*,
ou pediram
que você passe mal.”
 
137. “Aconselho você, Loddfáfnir,
e você aceite o conselho,
benefício terá se você aceitar,
bem terá se você obter:
aonde quer que você beba cerveja,
você deve invocar o poder da Terra,
porque a Terra é contra a cerveja,
o fogo contra doenças,
o carvalho contra disenteria,
a espiga contra feitiçaria,
centeio contra ruptura,
para feitiços se deve invocar Máni*,
pastagem contra doenças contagiosas,
e contra o mal as runas,
o solo deve ser usado contra as inundações*.”
 
138. “Eu sei,que eu fui suspenso
na árvore fustigada pelo vento
por nove noites inteiras,
ferido pela lança
e devotado a Óðinn,
eu mesmo para mim mesmo*,
na árvore
que ninguém sabe
de onde todas as raízes correm.”
 
139. “Não me alegraram com pão
nem com o chifre de beber,
eu olhei para baixo,
eu apanhei as runas,
as peguei gritando,
e eu cai dali.”
 
140. “Nove poderosas canções
eu consegui do famoso filho*
de Bölþorn,pai de Bestla*,
e um gole eu adquiri
do precioso hidromel,
vertido do Óðrerir.”
 
141. “Então eu alcancei o florescimento
e me tornei sábio,
cresci e me tornei poderoso,
palavra por palavra
eu encontrei palavra,
proeza por proeza
eu encontrei proeza.”
 
142. “Runas você encontrará
e letras que aconselham,
letras grandiosas,
letras poderosas,
que o Fimbulþulr pintou
e os Ginnregin criaram
e Hroptr* dos Regin gravou.”
 
143. “Óðinn para os Æsir,
mas para os Álfar*,Dáinn,
e primeiramente Dvalinn* para os Dvergar,
Ásviðr* primeiramente para os Jötnar,
eu mesmo criei algumas.”
 
144. “Sabe como esculpir-las?
Sabe como interpretar-las?
Sabe como pintar-las?
Sabe como provar-las?
Sabe como invocar-las?
Sabe como sacrificar-las?
Sabe como enviar-las?
Sabe como ofertar-las*?”
 
145. “É melhor não pedir
do que sacrificar demais,
uma dádiva sempre procura compensação;
é melhor não enviar
do que ofertar demais.
Desse modo Þundr* gravou
antes da origem dos povos,
ele se levantou dali,
de onde ele tinha vindo.”
 
146. “Eu conheço encantamentos
que a mulher do rei não conhece
e nem os filhos dos homens.
Ajuda se chama a primeira,
E que te ajudará
contra discussões e angústias
e todo tipo de tristeza.”
 
147. “Eu conheço um segundo
que é necessário para os filhos dos homens,
para aqueles que desejam viver como curandeiros.”
 
148. “Eu conheço um terceiro:
se eu tiver grande necessidade
de encadear meus inimigos,
eu faço a espada dos meus
adversários embotar,
as lâmina das armas não cortam nem as clavas.”
 
149. “Eu conheço um quarto:
se homens impor
cadeias em meus membros,
assim eu canto,
eu posso andar,
as correntes pulam fora de meus pés,
e os laços das mãos.”
 
150. “Eu conheço um quinto:
se eu vejo o perverso atirar
a lança através do povo,
ela não pode voar com tal força
que eu não possa parar-la,
se eu ver-la com o olhar.”
 
151. “Eu conheço um sexto:
se um guerreiro me ferir
com as raízes de uma árvore forte*,
e esse homem
que declarou odiar me,
ele será devorado pela dor e não eu.”
 
152. “Eu conheço um sétimo:
se eu vejo o fogo aumentar
ao redor do salão dos meus companheiros de banco,
ele não queimará com tal ardor,
que eu não possa salvar-los;
eu posso cantar esse feitiço.”
 
153. “Eu conheço um oitavo,
que para todos
é proveitoso:
onde o ódio se levanta
entre os filhos do rei,
isso eu posso imediatamente acalmar.”
 
154. “Eu conheço um nono:
se eu estou com dificuldades
para salvar meu navio das ondas,
eu acalmo o vento
sobre as ondas
e adormeço todo o mar.”
 
155. “Eu conheço um décimo:
se eu vejo feiticeiras,
brincando no ar,
eu trabalho de tal modo
que elas perdem o caminho de retorno
para seus corpos em casa,
para seus espíritos em casa.”
 
156. “Eu conheço um décimo primeiro:
se eu devo na batalha
conduzir velhos amigos,
abaixo dos escudos eu canto,
e eles vão com poder
salvos para a batalha,
salvos da batalha,
seja onde for seguro eles chegaram.”
 
157. “Eu conheço um décimo segundo:
se eu vejo sobre o alto de uma árvore
um homem enforcado balançando,
de tal modo eu entalho
e nas runas eu pinto
de modo que o homem caminha
e fala comigo.”
 
158. “Eu conheço um décimo terceiro:
se eu sobre um jovem homem
borrifar água*,
ele não cairá,
embora ele venha para a batalha:
esse homem não morrerá pela espada.”
 
159. “Eu conheço um décimo quarto:
se eu devo perante os homens
enumerar os Tívar*,
Æsir e Álfar,
eu conheço a distinção de tudo;
poucos tolos podem tanto.”
 
160. “Eu conheço um décimo quinto
que Þjóðrerir* cantou,
o dvergr,diante as portas de Dellingr*:
ele cantou poder para os Æsir
e coragem para os Álfar,
entendimento para Hroptatýr*.”
 
161. “Eu conheço um décimo sexto:
se eu desejo de uma sábia donzela
possuir toda sua afeição e prazer,
a mente,eu transformo,
da donzela de alvos braços
e eu transformo todo o pensamento dela.”
 
162. “Eu conheço um décimo sétimo
que nunca me evitará
a jovem donzela.
Desses encantamentos
você será capaz,Loddfáfnir,
que por muito tempo faltou a você ter;
não obstante bem virá para você,se você obter-los,
beneficio se você compreender-los,
necessário se você receber-los.”
 
163.”Eu conheço um décimo oitavo,
que eu nunca ensinei
para a donzela nem para a esposa do homem,
tudo é melhor
quando apenas um sabe;
assim termina as canções,
a menos que apenas
seja aquela em meus braços
ou minha irmã.”
 
164.”Agora as palavras de Havi
são ditas no salão de Havi,
muito úteis para os filhos dos homens,
inútil para os filhos dos Jötnar.
Salve aquele que disse,
salve aquele que entende,
útil para aquele que aprende,
salve aqueles que ouvem.”
   

As Notas:
001/7* Essa primeira estrofe aparece na Edda em Prosa no Gylfaginning 02 um pouco
modificada.
013/6* Ela é filha de Suttungr.Óðinn a seduziu para poder roubar o hidromel dos poetas.
014/3* Fjalarr aparentemente é apenas um outro nome de Suttungr.Porém Fjalarr também é
o nome de um dos anões que mataram Kvásir e fizeram o hidromel dos poetas.
025/3* Essas três primeiras estrofes aparecem abreviadas no manuscrito.
036/5* O teto parece ser feito de junquilho e tecido com armações feito de vime.
037/3* Essas três primeiras estrofes aparecem abreviadas no manuscrito.
052/5* Possivelmente se refere ao chifre de beber.
055/3* Essas três primeiras estrofes aparecem abreviadas no manuscrito.
056/3* Essas três primeiras estrofes aparecem abreviadas no manuscrito.
058/5* Alimento.
062/1* A águia fareja e inclina a cabeça quando vai caçar.
065/3* O manuscrito não indica lacuna,mas muitos editores adicionam as duas primeiras
linhas de tardios manuscritos.
068/3* A Sól é feminina no Norte.
070/2* No manuscrito na segunda linha está:”…e que vive feliz…”,mas muitos editores
preferem colocar no lugar:”…do que estar sem vida…”,por fazer mais sentido.
071/5* A prática da cremação foi abandonada aos poucos com a introdução do cristianismo
no Norte,mas era comum na era viking.
073/4* Muitos estudiosos consideram toda essa estrofe fora da seqüência tanto das
anteriores quanto das posteriores.Muitos acreditam ser uma adição posterior no texto.
074/7* Toda essa estrofe também é considerada fora de seqüência.
078/2* Fitjungr significa “Gordo”.Nada se sabe sobre esse episódio.
080/3* Regin são os Deuses.
080/4* Ginnregin são os Deuses,mas parece se referir aos Deuses criadores:Óðinn,Vili ou
Hænir,Vé ou Lóðurr.
080/5* Óðinn.
083/4* Possivelmente se refere a uma espada ensangüentada que já foi usada em batalha
onde o sangue das vítimas teria batizado as runas que eram desenhadas nas espadas e que
lhes dava poderes mágicos.
087/3* Profetisa.
087/4* Essa estrofe provavelmente está incompleta,mas alguns editores adicionam mais
quatro estrofes de manuscritos tardios:
“do Céu claro
de uma multidão que ri
da vasilha de um cão
da dor de uma prostituta.”
097/1* Não se sabe ao certo quem seria essa filha de Billingr,mas muitos estudiosos
acreditam que seja Rindr,mãe de Váli.
103/7* Fimbulfambi significa “Grande Tolo”.
104/1* Gigante.
104/6* Suttungr era o gigante que era dono do hidromel dos poetas até Óðinn conseguir
roubar-lo.
106/1* Rati é o nome da broca que Baugi,irmão de Suttungr,usou para perfurar a montanha
onde o hidromel estava escondido para que Óðinn pudesse alcançar-lo.
106/5* Kenning para rochas.
107/4* Oðrerir aqui é o nome do próprio hidromel mágico,mas na estrofe 140 aparece
como nome do vaso que continha-o.
109/2* Gigantes de Gelo.
109/3* Óðinn.Hávi parece ser uma variação de Hár.
109/5* Óðinn.Os Gigantes parecem não saber que Bölverkr e Óðinn eram o mesmo ser.
109/6* Os Deuses.
110/5* Aqui o Sumbel é o hidromel.
112/1* Loddfáfnir aparentemente parece ser um viajante que recebeu conselhos de Óðinn.
124/1* Possivelmente esse episódio se refere a um pacto de sangue.
133/6* Muitos editores eliminam as duas últimas linhas dessas estrofes e as substituem por
essas de tardios manuscritos:
“mal e bem
os filhos dos homens
sempre trazem misturados em seus peitos.”
134/12 * As três últimas estrofes são de difícil interpretação e é traduzida de diversas
formas por diversos autores.
136/1* Viga levantada para admitir um convidado.
136/4* Em antigos tempos anel significava dinheiro,riqueza.
137/12* A Lua.
137/15* Essa lista de encantamentos aparecem traduzidos de várias formas por diversos
autores.
138/6* Óðinn se sacrifica para si mesmo na árvore Yggdrasill,para resgatar as runas.
140/2* Mímir?Na guerra entre os Æsir e Vanir os Deuses trocaram reféns e os Æsir
enviaram Hænir e Mímir,enquanto os Vanir enviaram seus melhores homens:Njörðr e seus
filhos Freyr e Freyja.A julgar pela troca,já que Hænir é irmão de Óðinn,então Mímir
deveria ser seu tio,já que os Deuses trocaram parentes.
140/3* A mãe de Óðinn.
142/7* Óðinn.
143/2* Elfos.Dáinn aqui é descrito como um elfo,mas na Völuspá ele aparece como um
anão.
143/3* Dvalinn é o nome de um famoso anão.Dvergar são os anões.
143/4* Um gigante.
144/8* Também pode ser traduzido como “matar-las” possivelmente indicando como
anular ou desfazer o poder de uma runa depois de servir a um propósito.
145/6* Óðinn.
151/3* Os antigos habitantes da Escandinávia acreditavam no poder mágico das raízes das
árvores.
158/3* Borrifar água em uma criança era um costume anterior ao cristianismo e sua
concepção de batismo.
159/3* Os Deuses.
160/2* Nada se sabe sobre esse anão.
160/3* Dellingr é o pai de Dagr,o dia.Dellingr parece ser a personificação do amanhecer.
160/6* Óðinn.
 
 
Essa tradução foi feita por Marcio Alessandro Moreira (Vitki Þórsgoði)