terça-feira, 8 de abril de 2025

100 anos de Samba

 

100 anos de samba: Um passeio pelo gênero ao longo das décadas

Conheça as histórias e os principais personagens do gênero

por João Máximo / Atualizado

Das festas nas salas das ‘tias’ baianas ao pandeiro no funk, um passeio pelo samba ao longo das décadas, com suas marcas, seus sucessos e alguns de seus maiores nomes.
https://oglobo.globo.com/cultura/musica/100-anos-de-samba-um-passeio-pelo-genero-ao-longo-das-decadas-20548163

Anos 10

Selo da Odeon para o disco com o samba 'Pelo telefone' - Arquivo

No princípio é o samba. Ou semba. Ou que outro nome tenham as festas de canto e dança dos baianos da Cidade Nova. Depois, samba vira gênero, tipo de música. Cantado, como o daquele grupo que criou “Pelo telefone”. Ou dançado, nas salas da frente de, entre outras, Ciata, demais “tias” baianas e seus descendentes. Nos quintais, cultos afros são celebrados com vista grossa da polícia. O samba feito gênero, nascido da umbigada, do batuque, do lundu, da polca e de várias outras raízes, com seus volteios e tiradas sinuosas, confunde-se com o maxixe, a “dança excomungada”. É este samba amaxixado — como os de Sinhô, denominado Rei do Samba, e o próprio “Pelo telefone”— que embala o Rio de Janeiro, inclusive no carnaval, nas três primeiras décadas do século XX.

Sambas representativos:

Pelo telefone - Donga e Mauro de Almeida (1916)

Gosto que me enrosco - Sinhô (composto nos anos 1910, mas gravado em 1930)

Jura - Sinhô (dos anos 1910, mas gravado só em 1929)

Anos 20

Ismael Silva - Arquivo

Se os baianos se concentram na Cidade Nova, os ex-escravos egressos das plantações de café do Vale do Paraíba e das regiões do Rio atingidas pela reforma Pereira Passos vão se instalando nos morros e subúrbios cariocas. Muitos deles no morro de São Carlos, no bairro do Estácio, não longe da chamada Pequena África. Na região e em seus arredores, eles vão criando outro tipo de samba, de linhas melódicas mais longas, menos festeiro, feito para desfilar e não para dançar. Ao contrário dos baianos, tais ex-escravos eram perseguidos pela polícia em seus desfiles e batucadas. Mas persistiram. E acabaram fazendo de seu samba o modelo do que viria depois. Lá, fundaram a primeira escola, a Deixa Falar. E dali, do Estácio, saíram para ensinar a toda a cidade que “samba não é maxixe”. Seus primeiros blocos desfilaram em 1926. E, já em 1930 (ano da morte de Sinhô), o reino do samba tinha mudando de endereço.

Sambas representativos:

Se você jurar - Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves (composto nos anos 1920, mas gravado apenas em 1930)

Deixa essa mulher chorar - Brancura (também dos anos 1920, só gravado em 1934)

Agora é cinza - Bide e Marçal (1934)

Anos 30

Noel Rosa - Arquivo

Na década de 1930, a Era de Ouro da canção popular, o samba se estabelece como a música nacional do Brasil. Ao mesmo tempo em que é adotado pelos compositores da classe média branca, confere aos negros que lhe deram vida o reconhecimento devido. Parcerias inter-raciais se formam. Decreto de Getúlio Vargas permitindo que emissoras de rádio veiculem anúncios em seus programas dá origem aos cachês e começa a profissionalizar a classe. A novidade da gravação elétrica faz com que cantores de voz pequena, como Mário Reis e Carmen Miranda, cheguem ao disco, livrando o samba dos arroubos operísticos. Logo, Reis, Carmen e outros se tornam ídolos do rádio. O desfile das escolas se oficializa. O samba divide com a marcha a preferência dos foliões do Rio. Todo compositor, novo ou consagrado, é praticamente obrigado a contribuir a cada ano com o repertório carnavalesco. Assim, raras vezes, no morro ou no asfalto, fez-se tanto samba de qualidade como naqueles dez frutíferos anos.

Sambas representativos:

Na batucada da vida - Ary Barroso e Luiz Peixoto (1934)

Palpite infeliz - Noel Rosa (1936)

E o mundo não se acabou - Henrique Vogeler e Luiz Peixoto (1938)

Anos 40

Ataulfo Alves - Arquivo

O samba-exaltação, patriótico, ufanista, acompanha por algum tempo os passos de “Aquarela do Brasil”, lançada em 1939 e sucesso no exterior. Mas é o samba de carnaval que vive grandes dias durante a Segunda Guerra e nos anos seguintes. Muito responsáveis por isso são os bailes e os blocos de rua, que saem cantando sucessos do ano e não composições próprias. As escolas de samba crescem ainda lentamente, mas a música de carnaval, antes lançada nos domingos de outubro, durante a festa da Penha, passa a ser divulgada pelos microfones da Rádio Nacional. Todo cantor, por mais famoso que seja, tem de gravar pelo menos um disco para o carnaval, marcha de um lado, samba do outro. Para o meio do ano, a mesma coisa, só que brigando por espaço com o baião, outros ritmos nordestinos e as novidades que chegam, cada vez com com mais força, dos Estados Unidos, via musicais do cinema, ou do México, em discos cujas matrizes as gravadoras importam mais do que nunca. Muitos compositores da Época de Ouro continuam na ativa, a maioria em compasso de samba.

Sambas representativos:

Ai, que saudades da Amélia - Ataulfo Alves e Mário Lago (1942)

Aos pés da cruz - Zé da Zilda e Marino Pinto (1942)

Falsa baiana - Geraldo Pereira (1944)

Anos 50

Lupicínio Rodrigues - Arquivo

Os efeitos da importação do disco e da influência do cinema começam a se fazer sentir no samba a partir da segunda metade dos anos 1940 (para os historiadores, em 1946, com Dick Farney gravando “Copacabana”). O samba-canção romântico, mais lento, com letras geralmente dedicadas a amores perdidos ou não correspondidos, vai prevalecer por toda a década de 1950. O samba tradicional resiste, mas só no carnaval, para logo ser superado pelo samba-canção. É este que compete com o bolero e o fox nos bailes que se multiplicam em clubes, dancings, casas de família. O praieiro Dorival Caymmi e o valsista José Maria de Abreu aderem, enquanto críticos se opõem ao andamento desse samba-canção. Uns o consideram americanizado, sobretudo pelos sofisticados arranjos de orquestra. Outros o chamam de “sambolero”. Velhos compositores reagem. Ary Barroso afirma em música que “samba, pra ser samba, tem que ter telecoteco”. Ataulfo Alves lança no meio da briga o seu “Pois é”, que, ironicamente, vai fazer mais sucesso do que qualquer samba-canção.

Sambas representativos:

Canção de amor - Elano de Paula e Chocolate (1951)

Vingança - Lupicínio Rodrigues (1951)

A noite do meu bem - Dolores Duran (1959)

Anos 60

Bar e restaurante Zicartola - Arquivo

O período é marcado pela bossa nova e pela revalorização do samba. A bossa, a partir da batida de violão de João Gilberto (acompanhando sua voz pequena, mas tecnicamente perfeita), produz a mais radical transformação sofrida pelo gênero em seus, até ali, 40 anos de existência. O novo estilo (mais um estilo do que um movimento) atrai a juventude universitária da Zona Sul carioca. Com seu ritmo, mais assimilável pelo estrangeiro do que o do samba tradicional, ele transpõe fronteiras. Várias de suas canções, “Garota de Ipanema” à frente, viram sucessos mundiais. Enquanto isso, o samba tradicional retorna por meio de eventos que nada têm a ver com a bossa nova. O primeiro é o Zicartola, casa que por três anos ilumina de samba um sobrado da Rua da Carioca. Depois, shows históricos como “Opinião” e “Rosa de Ouro”. Grandes sambistas como Cartola, Ismael Silva e Nelson Cavaquinho voltam a produzir. A nova geração, de Paulinho da Viola e Elton Medeiros, vem se unir a Zé Kéti. Musa da bossa nova, Nara Leão atravessa o túnel para conhecer e gravar gente com três vezes a idade dela. Baden Powell e Vinicius de Moraes, antes ligados à bossa nova, inventam afro-sambas.

Sambas representativos:

Chega de saudade - Tom Jobim e Vinicius de Moraes (1958)

O barquinho - Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli (1961)

Luz negra - Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso (1964)

Anos 70

Clara Nunes - Arquivo

É a década em que o agigantamento das escolas de samba — uma festa popular se transformando em “ópera de rua” — começa a se tornar uma realidade que até os sambistas mais tradicionalistas terão de aceitar. Acaba vencendo a resistência de Candeia, Nei Lopes, Wilson Moreira e outros sambistas que, criando a agremiação Quilombo, lutam para preservar as tradições. Com isso, o samba-enredo vai se adaptando aos novos tempos. Só então, veteranos como Nelson Cavaquinho e Cartola chegam ao disco, enquanto a geração pós-bossa nova — Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil — sobrevive à dos festivais para criar obras definitivas, incluindo sambas. Compositor, Martinho da Vila se vê transformado em cantor para espanto dele mesmo e torna-se o primeiro intérprete, em muitos anos, a fazer sucesso com o samba. Clara Nunes abandona o bolero e entra em cena com voz e carisma para ser uma espécie de rainha, trono que com ela disputa Beth Carvalho, outra egressa dos festivais. Pouco a pouco, outros sambistas de escola vão ganhar lugar no disco, no rádio e até na TV. A censura, apenas insinuada até 1968, vitima o teatro, os shows e, naturalmente, o samba.

Sambas representativos:

Apesar de você - Chico Buarque (1969)

O mestre-sala dos mares - João Bosco e Aldir Blanc (1975)

As rosas não falam - Cartola (1976)

Anos 80

Bloco Cacique de Ramos - Arquivo

O termo pagode — tipo de festa com samba, comum nos quintais suburbanos — perde seu sentido original, ao longo dos anos 1980, quando o bloco Cacique de Ramos cria não exatamente um novo samba, mas importantes elementos de acompanhamento. O banjo, o tantã em lugar do surdo, mais o repique de mão compõem a sonoridade em torno da qual vai se reunir uma nova frente de sambistas, Almir Guineto e Zeca Pagodinho entre eles. O grupo Fundo de Quintal é o que mais os representa. Vários sambistas do Cacique partem para vitoriosa carreira solo. Beth Carvalho, que acabará homenageada como madrinha do bloco, vai chamar a atenção das gravadoras para a qualidade do que é feito lá. Essas gravadoras criam discos conhecidos como “pau-de-sebo”, distribuindo as faixas entre vários nomes para, ao fim, selecionar os que valem a investida em disco exclusivo. Por outro lado, o samba tradicional segue o seu caminho. Perde Ismael, Cartola, Nelson, enquanto a turma jovem vai se mantendo na linha de frente.

Sambas representativos:

Coisinha do pai - Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila e Jorge Aragão (1979)

Conselho - Adilson Batista e Zé Roberto (1986)

Kizomba, a festa da raça - Jonas, Rodolpho e Luiz Carlos da Vila (1988)

Anos 90

Grupo Raça Negra - Divulgação

A Lapa é um dos lugares em que mais se respira samba no Rio dos primeiros dias do século XXI. Sua reurbanização, convertendo o antigo e semiabandonado “bairro do pecado” numa região pavimentada, iluminada e repleta de bares e restaurantes onde se ouve música ao vivo, dá à cidade um presente valioso. Jovens cantores e compositores — a maioria de classe média — já vinham realizando curioso trabalho de pesquisa do samba antigo, quando vão ocupando os espaços entre as mesas do bairro. Veteranos, ou quase, se apresentam ao lado dos mais jovens. Um pouco adiante, esses jovens atualizam-se e criam novos sambas eles próprios. Teresa Cristina, Moyseis Marques e o grupo Casuarina são alguns dos nomes que fazem o novo som da Lapa. Ao mesmo tempo, os grupos de pagode não saem de cena, gravando discos e fazendo shows. É de 2002 “Deixa a vida me levar”, o maior sucesso de Zeca Pagodinho. O funk é moda, com seus bailes enfezados. Mas ele e o samba não se misturam, a não ser, de um lado, na paradinha da bateria da Mocidade Independente, e de outro, no som de cavaquinho, cuíca e pandeiro em gravações e espetáculos de alguns funkeiros de fé.

Sambas representativos:

Cheia de manias - Luiz Carlos (1992)

Essa tal liberdade - Paulo Sergio Valle e Chico Roque (1994)

Caçamba - Molejo (1994)

Anos 2000

Os sambistas revelados no Cacique de Ramos — Arlindo Cruz, Jorge Aragão e, sobretudo, Zeca Pagodinho — solidificam suas carreiras nos anos 1990, com mais presença do que os vindos de antes. Destes, Martinho da Vila, gravando mais e viajando muito, quase não parou. Mas nem por isso o pagode que projetou aqueles três teve uma década sem rivais. Para começar, do termo “pagode” se apropriaram os cultores de um samba mais pop, com guitarra, baixo e teclado eletrônico, acompanhando letras falando de amor de forma simples e direta. É o pagode romântico, como preferem, com representantes como o Raça Negra e outros grupos semelhantes no tipo de show e até no figurino. Ou pagode paulista, embora os grupos surjam em vários estados. Do seu lado, a turma do Cacique se movimenta. E, para não ser confundida, substitui o rótulo pagode por termos como “samba de partido alto” ou “samba de raiz”, na certeza de que, assim, estará mais perto da tradição.

Sambas representativos:

Deixa a vida me levar - Serginho Meriti e Eri do Cais (2002)

Nomes de favela - Paulo César Pinheiro (2003)

Beijo sem - Adriana Calcanhotto (2010)

DEScendente de imigrante alemão é descendente de sem terra. Lide com isso

 

Tenho visto uma serie de criticas aos sem terra vindos de ex alunos que trabalham na agricultura Familiar.
O grande problema dessas criticas, vindas de descendentes dos povos germanicos é a premissa.
A imigração alemã para o Brasil começou em 25 de julho de 1824, quando 39 imigrantes chegaram a São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A imigração alemã para o Brasil começou sob patrocínio oficial em 1824, com a chegada a São Leopoldo.. Motivos da imigração Pobreza, Guerra, Perseguições políticas e religiosas, Problemas sociais na Europa, Fartura de terras no Brasi.
As promessas feitas aos imigrantes alemães pela Coroa Brasileira incluíam terras, apoio financeiro, gado, sementes e equipamentos agrícolas.
Pobre e com esperança de começar uma nova vida longe da pobreza e das guerras os Germanicos ( vindos da Pomerania, Renamia, Estados da Confederação Germânica, Habsburgo, Eslavônia, Reuss , Condado de Reuss-Ebersdor, Principado de Reuss-Gera, Principado de Reuss-Greiz alem da Prussia e do imperio Austro hungaro.


Ou seja O IMIGRANTE ALEMÂO veio pro Brasil como um sem terra, pobre e sem bens. Seus ancestrais receberam terras do governo imperial, Assim como os Sem terra Atuais recebem terras e ajuda dos governos presidenciais.
Todo Pomerano agricultor de minifundio descende de um estrangeiro SEM TErra, seja ele Alemão ou Italiano (e mesmo os japoneses em 1920)